sexta-feira, 23 de julho de 2010

Marcaram o Papel em Branco


Ousei.
Arrisquei a ponto de desejar ansiosamente
Pretendia compor estrofes agudas, incisivas

Li e reli minhas linhas
Meus traços firmes
Que marcaram sem dó alguma o papel

Contei inverdades a mim mesma
A fim de encontrar um ponto de partida...
Um início, uma frase singela
Que servisse como entrada para tudo que vivia preso em mim

Produzi sem medos ou receios, amiúde
Resgatando pensamentos não sei de onde...

Talvez do subconsciente
Lá onde habitam memórias, desejos
Terreno desconhecido, impossível a olhos nus
Revelações acerca do verdadeiro "eu" do sujeito...

Desejei, então, uma dose de silêncio
O silêncio que me permitia o espaço
A consciência de ter um lugar para preencher com pura poesia!

E quando ela cessasse?
E se chegasse ao seu fim?
Sendo o mundo infindo,
Permaneceria rabiscando meus versos imaginados...

Confortava-me saber que pus-me a desenhar tal mundo
Usando letras, formando retratos linguísticos...

As frases que calei, aprisionei.
Mas elas metamorfoseavam-se
E partiam, enfim
Deixando-me a admirá-las, estupefata
Quando nem sequer olhavam para trás...

Estava num estado diferente dos demais
Indizível, diria eu.
Sentido-me possuidora dos vocábulos...
Sentia-os com tamanha intensidade
Que assombrava-me a idéia absurda de não os ter

Estar de mãos vazias...
Sem meus traçados e esboços
Ainda que se resumissem à minha realidade
E fosse úteis para preencher os meus silêncios
Campos férteis...

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