Imagem: Marc Chagall, "Rain", 1911.
Não há que se ditar tão comedidamente
O que é banal.
Nem saiu minha prosa da fôrma
Que fora, antes, pré-aquecida
A fogo baixo.
Não teve a medida, a cautela, a calma
De não se fazer transbordar no fogão.
De não se portar indiscretamente,
- Como um tímido, recatado signo.
Fez sujeira.
Saiu marcando todo o chão.
Manchando com seu aroma os cômodos,
O corredor,
Toda a casa, antes plácida.
Vê! Escapole agora pela janela.
Nem corras que não a pega!
Tomou forma de algo além
Do que pode o teu paladar.
Teu sentido guiado pelo prazer físico, material
- tudo tão simploriamente palpável.
Tem cerne fugaz.
Estremece, eloquente que me parece.
Não me fez cogitar voltar atrás.
Está fora de foco a minha frase, bem o sei.
Mas vem em alternância,
Sussurrando e esbravejando,
Briga, luta, guerreia consigo mesma...
Já não nos importa o caos que causa.
Já não convém abarcar matematicamente
Seus pormenores.
A física, o estudo dos astros, a força gravitacional
- Suas exatidões não interessam ao contexto.
O contexto que, todo inexato, tem sutileza no trato.
Escorrega por entre meus dedos
- na sua velocidade incalculável.
Encharcando meus espaços, meus passos, hiatos...
Já nem os reconheço mais.