segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Sucessiva(Mente)

Imagem: Joaquim Sorolla, "Promenade by the Sea", 1909.

Razoáveis auroras do dia
A cada milésimo de segundo
Renascem, recontam, voltam a descompassar.

Em descompasso, alinho-me à marcha cotidiana,
Rotineiramente a insistir em me colocar no lugar.
Sigo no desacerto dessas linhas,
Na forma não melodiosa de tantas canções,
Na mania de exasperar regras simbolistas...
Um esmero em desarranjar.

Em desconexão.
Fora do traço, do ato, do asfalto...
Quando a tradição mostra, enfática, onde é o chão.
As horas contadas é que ditam a precisão
- som aturdido de sirene a bradar-.

Desarticular:
Quais os alcances e possibilidades?
A vontade do grito de um sim
Quando a ratio anuncia um não.

Não nos deslumbra o toque da campainha
Que sucede em momento esperado.
Ou a visita descontente no encontro agendado.

Todo extraordinário despreza o bater do ponto,
O bom-dia automático,
O terno, a gravata, a vã emoção pronunciada.
Não redigem a manchete, nem há chamariz!

Não ferve, nem produz gelo que chegue a queimar.
É isenta de odor, incolor, sem sal de mar.
Ah, a brisa de um mar revolto agora...
Como serviria para destoar!

Mas que vantagem há em lembrar?
É urgente o relatório.
A pronta-entrega.
O cumprimento da promessa.

O verbo que se almeja vai ficando mais para lá...

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