sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Metáfora

Imagem: Claude Monet, "Clifftop Walk at Pourville", 1882

Sorrisos frustrados permeiam
Lágrimas furtivas de comiseração:
Um cotidiano mais que comum.
Entrecruzados suspiros - tímidos,
Retraídos lampejos de alumbramento...

São passageiros eternos,
Personagens sob óticas discrepantes
Atravessando tempos que os abatem,
A duras penas, pedras, solavancos.

As manhãs sopram brisas
Que não vêm por compaixão.
É séria a incumbência humana
De existir
E vestir de primaveras e versos
O caos da existência.

No entanto, raios que nos invadem,
Anunciando recém-nascido dia,
Aquecem, frementes, tudo aqui por onde piso.
Ainda enchem de algo
Semelhante à (espera)nça
O olhar dos que vêm passando.

Atônitos. Todos.
Indistintamente levados
Por infindas direções,
Que nos trazem e nos buscam.
Puxam, empurram...
Nós, os figurões.
Marionetes de eras e épocas:
Épicas.

Em ritmo, por rito,
Ou mera discordância em ser apenas o que se é,
Aceitamos e acordamos em porções do substrato.
Elucubramos.

Daí vem o sermos humanos?
Não sei.

Ah, já não sabes quanto quiseram os poetas
Reverter o que cede sempre ao mesmo vetor?
Precedem-nos em tentativas;
Haviam de ter-nos deixado fórmula...

Haverá quem nos suceda também!
Poetizando,
Enxergando num vil simplório
Tudo coberto de lira.

Pra fazer do suspiro, sublime elevação.
Suplantar, corrigir, deformar
Nossos redutores esquemas.

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