segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Rebentação



A beleza havia, de fato, sido capaz,
Violenta e ousadamente capaz
De caber num quadro...
Num pequenino e tão modesto quadro.

Juntava-se e ia mostrando-se
Tanto quanto podia,
Sem qualquer esforço...
Mas, ainda assim, com bravura colossal.

Autêntica beleza que nos cerca
E, quando pensamos que não,
Aí então é que mais cabe em nossas mãos!

Potência curiosa, que posso eu diante de ti?
Erguer-me em meio a raios ofuscantes,
Redescobrir-me a cada dia parte ínfima
De um universo que, ao meu lado,
Reduz-me tanto...

E que, de tanto ser maior e melhor e mais forte,
Me tem como parte intrínseca.
Complementando um cenário, desconhecido cenário,
Composto do que no quadro dos meus olhos marca infinitamente...

Por mais que tentemos
E nos esforcemos...
E por mais que ultrapassemos
Todos os limites das nossas próprias molduras
Será um trabalho válido, mas, que pena, em vão!

Eis que tudo é realmente maior que nós,
Para que cresçamos, então, em outras direções!

Almejei fazer-me e reinventar-me poeta,
Sei que naturalmente, num ato quem sabe epifânico, talvez...
Por notar possibilidades que a mim se apresentam
E que sempre, sempre fogem do unidirecional
E suplantam-me em enormidade!

Mas, concomitantemente, fazem-se possíveis e capturáveis
Sem que neguem, também, uma infinita grandeza,
É quase um prêmio de consolação, que nos diz:
- Ah... Nota também tua imensurável beleza!

Ps: E eu que não tinha certeza sobre o nascimento de mais um poema...

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