quinta-feira, 10 de junho de 2010

Personagem Alterada


(O roteiro em mãos)

Examinei os teatros ao meu redor
Pessoas que viviam o que haviam ensaiado

Apresentavam o perfil inalterado
Da personagem já criada

Com fortes traços de personalidade
Choravam ,riam, cantavam...
Interpretavam seus papéis fielmente

Contudo, vez por outra
Alguns seguiam num roteiro
Que havia sido adulterado
Não transcorria naturalmente

Era um outro caminho
Uma recriação dos roteiros já escritos
Uma renovação das intenções
Novos passos em novas estradas

Demonstraram a coragem de alterar
Reescrever, reler, reeditar
Interpretar de uma outra maneira
Era uma nova forma de decifrar os caminhos
Uma reavaliação dos objetivos a serem alcançados

Era, enfim, como escrever uma nova história
Como traçar novas rotas
E enfrentar as tempestades
Que um script não programado traz

Surgiam as dificuldades
Mas talvez fosse recompensador
Sentir, falar, ver ou chorar
As consequências das escolhas realizadas
Que podiam ser refeitas até o último segundo
Antes de terem sido apresentadas

Mas o que o público já vira
Estava guardado na memória
Trazia sua carga emocional
E era muito mais denso
Do que um simples ato de uma peça

Envolvia questões comportamentais
Mostrava os atores (reais) e seus conflitos
Suas dores e angústias
Seus sentimentos e pensamentos
E atestava sobre o que escondia-se no subconsciente

Por um lado, era estar no controle do roteiro
Por outro, era revelar-se e ser lido
Por quem, talvez, não compreendesse a peça
Todavia, afirmei convicta: LEIA-ME!

Horas depois, guardei os papéis
Do que já havia sido apresentado
Deveria prosseguir, ir adiante
Ato II. Cena 1...

Um comentário:

disse...

Morena é muito lindo! Verdadeiro!... Contraditório, como a vida.