quarta-feira, 17 de julho de 2013

Destoa

Imagem: Vincent Van Gogh, "Starry Night over the Rhone", 1888

De torpor e estado de graça, talvez
De uma mescla de sentidos que não condizem
De tentar, pensar em poder e romper
E cantar cada linha breve com o suspiro
Que sempre aspirou conter...

O que era, desconhecia
De onde vinha
O que continha
Inquietação.
Por ventura, surgia como forma de evasão,
Um fluir de si e para si;
Escapar da superfície massacrante das multidões
Que não subleva, mas sufoca, asfixia.

Via que teus hiatos não eram deveras teus;
Teu lirismo era ininterrupto,
Fora enlaçado em teu passo incerto...
Haveria de saber lidar com ele
Distanciar negações
Enxergar-se sob essa ótica forte demais

Sublime - espantoso - demais
Dinâmico demais para que se pudesse acompanhar 
De maneira compreensível e palpável

Não.
Nem era passível de compreensão...
Mas de perpassar com desespero e surpresa
Com cadência, e rima, e verso, e prosa
E som que nada diz e nada revela

Vem, descortina-se e recolhe-se aqui na minha canção!
Desdobra tuas incógnitas sobre os meus mistérios;
Une teus não saberes às minhas maiores questões.

Faz de todo não saber
Uma só grande dúvida
Uma só interrogação por onde deslizar
Desconhecendo as sinuosidades amplificadas
Curva, desnível e peso que emprestam ritmo ao nosso prosseguir
Ao nosso continuar
Apesar de...

Apesar do terreno em que tocamos ainda assustados
Com a leveza que vive em desacordo
E destoa de tudo que há em nós.

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