quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Alusão Pós-Romântica

Imagem: René Magritte, "A Queda", 1953

Uma porção de mim quer fazer divisão
Do inebriamento que trago
E poder distinguir o que é poesia
Do passado e do momento.

Não canto com romântica entonação,
Com as rimas que me antecedem;
Nasci no pós-moderno
E as cantigas de dor estão castigadas
Pelos ponteiros das grandes cidades,
Tiquetaqueando ditatorialmente.

Mas se a vida é uma ordem,
Que de pronto tenha início uma insurreição
Desse tempo enregelado,
Que nos paralisa até o piscar dos olhos.
Tenho ânsias de outonos, não obstante de ver arder minha pele
Como em outra estação.

Quero anunciar o presente com orgulho,
E espero vê-lo tocando e aconchegando,
Sem dó,
O que digo.

O coração que vos fala foi acostumado de más maneiras.
Foi amiúde bajulado pelo sentimento de uma época
Que sonhou viver
Em que a ordem seria sentir e sentir...

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