domingo, 13 de outubro de 2013

Micro-Cosmo

Imagem: Salvador Dalí, "Persistence of Time", 1931

Mas o mundo só avança.
Seco.
As casas calam ano após ano
Seus inquilinos.
Falam os jornais, aos berros,
Das pontes que se partiram
Sem que houvesse testemunhas do fato.

Ninguém ousa perturbar a cadeia
Corriqueira da existência.
E os anos te chegam, impiedosos,
Alegando que a data em teus documentos
Vem te exaurindo as forças.

Este universo expande e nos engole
Nos engloba.
Mais que um globo,
É um profundo poço de horas marcadas.

E aqui, como se alça um voo?
De leve impulso,
Que se desmanche
- Abrupto soluço -
No silêncio das horas vagas?

Emudecemos.
E, mudos, sopramos de livre som
A voz suave que vem conosco...
Reconstruo o que ouço
E misturo tudo em ti.

Nenhum comentário: