quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sobre os Clichês

Num debate sobre redações, textos, vestibulares e coisas do tipo, eis que surgem dúvidas sobre o tão "batido" clichê. Detesto clichê. Empobrece o texto, é comum e usual. Gosto de procurar me expressar de uma forma cada vez mais diferente, do meu jeito, com uma linguegem bem próxima de mim, para que eu e o texto possamos ficar íntimos. Entretanto, nas redações para vestibulares o clichê não é considerado uma coisa ruim e, acredite, é visto com bons olhos. Admito que uso expressões clichês vez por outra, quando é quase inevitável, porque até mesmo alguns temas são assim, comuns. Mas usar com frequência é desagradável, não dá na produção textual aquela pitadinha de sal, digamos assim. O que me disseram foi que, infelizmente, eles precisarão ser usados... por mim. E numa maior quantidade de vezes, para que meu texto se encaixe "nos padrões". "Mas eu não escrevo para me encaixar em padrão nenhum, escrevo pelo prazer que essa atividade me proporciona e pra ser DIFERENTE também!" Não interessa, vestibular é isso aí. Então, depois dessa, entendi: ter que se adaptar para ser IGUAL e ser aceito apenas assim - no caso, por universidades, mas, se achar apropriado, amplie a interpretação - é muito perturbador e é um grande clichê. Estamos nadando num mar de conteúdos, tentando ao máximo manter a cabeça fora da água, expressar-se é uma forma de respirar profundo nessa situação, é mostrar-se frente a tantas coisas que não nos caracterizam, por esse motivo redação encanta, "agora verão como sou, o que sinto, como vejo". Tudo já é tão igual... As pessoas seguem tendências, os vestibulares e concursos estão aí pra nos transformarem e limitarem a nossa criatividade e nossa capacidade, seja em que contexto for. Refiro-me aos textos, porque esse aspecto me chamou atenção e, sim, me incomodou. Essas exigências para que tudo seja padronizado, se não ficarmos alertas, nos farão regredir. Porque ultrapassar limites é ir além, é inovar, sentir-se à vontade para se colocar, estender-se para alcançar o que está distante, evoluir, aprimorar técnicas e com o texto isso é totalmente possível, e é real, se tivermos liberdade para dar nosso máximo. Todavia, se temos que nos preocupar com limites, palavras, regras e regras, nos prederemos a isso e as asas de nossa mente estarão impedidas de voar. O grande clichê nessa história toda é quererem nos fazer iguais, sempre tão limitados.

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