sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Gramática Passional


Não me envolva em teus predicados,
Teus sujeitos de ações questionáveis,
Teus comportamentos divididos.
Entre vírgulas presos
Num contexto interrompido...

Não me cerques com estes poemas.
Entre amores por hora redigidos,
Lidos, mal entendidos...
Fazes tudo ser repleto de vocativos.

Já nem sabes mais a quem te diriges.
A quem escrevo eu,
Que de vocativos não irei me utilizar?
Falo, então, em sentido sempre amplo
E capaz de alcançar o todo que não alcanço.

Entre advérbios defines teus atos,
Teus finos traçados... É um poema!
Não uma lógica gramatical!

Exclamo, exclamo...
Busco uma outra pontuação.
Gritante, homérica, hiperbólica,
Quem sabe ela retrate melhor a realidade.

Tua gramática está equivocada,
Penso que fora prejudicada:
Não deveria estar assim escrita,
Como uma questão não resolvida.
Pseudo-sentimentos não constituem plena arte.

Quanto a mim, nesta história envolvida,
Noto conjunções que persistem em me amarrar.
E prendem-me ao dito e ao que foi omitido nas entrelinhas...

Desfaço o emaranhado novelo,
Desejando junções estáveis e verbos amáveis,
Dóceis à minha aspiração um tanto poeta.
Que, retornando ao que já foi escrito,
Enxerga amores descritos em páginas universais.

Ai do poema que ouse subverter este léxico!
Dos que amam não só com preces, pulso, coração,
Mas na inspiração que da verve renasce
Em satisfeitos pontos finais, em infinitas reticências...

2 comentários:

Jamille Almeida disse...

Sensacional!! Que capacidade de capturar as palavras e fazê-las funcionar de forma harmoniosa e visceral.

Anônimo disse...

Um dia ainda chegarei no seu nível.
Muito bom parabéns xD