terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Escrevo-te, Vida.
Enlaçada à vida
Sustento-me numa leve e tênue linha,
Capaz de carregar o mundo, os ânimos,
Os alvoroços dos desajeitados homens,
Espantados com a realidade cotidiana.
Estão, como eu, presos à vida
E agarram-se assustadoramente
Na mais prazerosa poesia existente:
A poesia de se ser...
Tento delinear a vida, neste instante...
Sem saber bem ao certo como fazê-lo.
Sem saber se a vida que escrevo é apenas minha,
Ou se serve como diálogo para todos.
São versos, por vezes, desencontrados
Para outras mentes, talvez tortuosos...
Que, no mais inesperado de suas linhas,
Despertam em nós o que nem mesmo sabíamos que existia.
E, sim, como esquecer-me?
Há o amor, o canto, os sorrisos;
Trechos da completude...
Enquanto, em minha outra mão,
Suporto também as partes mais duras e amargas do poema.
Creias: pode ser um afago brincar de ser poeta, de ser músico,
De ser artista...
Chegar a tal ponto, que não se sabe mais quando a fantasia acabou,
E tudo passou a ser apenas verdade.
(Ou: Toda essa verdade!)
É tão belo o sentir, que nem o traduzo.
Então, a minha palavra vai por ela só,
Sem autorização alguma da minha parte,
Impondo-se, interpondo-se: furiosamente.
Em doses lentas, vem o alívio de ainda sentir pulsar.
De ainda viver a febre de um poema, que se desvanesce
Aos poucos... Deixando a alma carregada...
Da mais esplêndida sensação de uma explosão.
Não é medido milimetricamente o meu poema.
Digo, meus passos não estão presos às fórmulas
Nem às formas... Andam sem predefinição!
E engano-me a cada momento em que penso
Carregar um enigma onde vou...
Se fosse enigma, de certo,
Problematizaria a interpretação de mim mesma.
Entretanto, negando toda essa exaustão,
Os versos nada mais fazem do que abrir milhares de portas!
Ah... Se soubesses o aroma de beleza e suavidade que há num poema...
Certamente, torná-lo-ia um texto para tua vida também.
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