domingo, 1 de agosto de 2010

A Dor do Menestrel


Ah! Ser versátil...
Mostras teu talento
E a dor que dizes sentir
Veste-te das angústias alheias a ti
E demonstra quem és através de tais...
Se, de fato, fores alguém.

Mas não te apaixones
Não, não caias neste vazio!
Deixa o amor para os donos dos versos
Que, ferozes, preenchem teus lábios
Deixa a angústia e a incerteza para eles...

Disseram-te certa feita
Que românticos não são livres...
Creias, foge enquanto há tempo!

Não sintas que és menor
Por não ter o que é teu divulgado,
interpretado e vivido,
Assim como fazes com os poemas dos grandes!

Volta teus olhos para teu ofício
E não para o amor que não tens
Ou para as inverdades que dizes
Uma vez que não narras teus sentimentos...

Não te faças todo poeta
Permanece como intérprete
Das coisas que precisam ser ditas
Ou tu maldirás o amor por ter-se machucado.

Nota:
Não sabes quanto sofre um trovador.
Não conheces as amarras de ter um coração que não te pertence.
Deixa de ser assim falto de alegria!
Suspira enquanto podes respirar e restitui a tua arte.
Não fiques amargurado por considerar-te vazio. Não és.

Homens apaixonados oscilam em círculos.
Amam, declaram, expõem e fecham-se em si mesmos.
A canção simplesmente acaba.
Enquanto o sentimento permanece sufocador.

Não te voltes, por raiva
Ao escárnio ou ao maldizer!
Fala de amor ao amigo...
Renda-te, sem relutar, ao teu papel.

Enxuga esta lágrima agora. Depressa.
E ponha-se a recitar e cantar os seres amados
E também os que amam...
Para que eu ouça e, imersa, encontre-me, então.

Volta aos versos que não são teus, pulsantes e doloridos.
Esconde os teus para que não padeças...
Volta à tua vida não-vivida,
Contenta-te em ser apenas um menestrel.

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