segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Bucólica Felicidade


Não eram abastados.
Digo, tinham o necessário, não mais do que isso.
Uma televisão, um rádio de pilha, a geladeira.
(O sentimento...)
Os suprimentos expostos no canto da cozinha.

O programa ruidoso na televisão
Fazia parecer que havia mais gente na casa.

A mulher contava histórias ao filho mais novo,
O pai caminhava pela casa, pondo as coisas em ordem.
Amavam-se e, quanto à isso, não havia dúvidas.

Os filhos mais velhos espalhavam-se...
Alguns conversavam alegremente no último quartinho,
Enquanto os outros brincavam na varanda da casa.

A mulher refletiu, exausta.
Tivera um longo dia, trabalhara demais ajudando o esposo.
O esposo entregou-se a um suspiro profundo, a cabeça quente:
Talvez o alimento não bastasse até o fim da semana.

Sentaram-se ambos em frente à televisão.
Assistiram ao telejornal.
Estupefatos, trocaram olhares, deram-se as mãos.

Sentiram-se seguros alí.
Numa casa modesta e humilde,
Construída com esforço em uma paisagem bucólica.
A luta diária e o suor valiam à pena.

Voltaram novamente os olhos para o noticiário.
Mundo louco, confuso e desumanizado!
Estavam certos todo esse tempo:
Eram mais felizes do que imaginavam.

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