quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Propriocepção


Reconhecer-se como sujeito único, ser pensante, unidade com múltiplas capacidades, capaz de compreender acontecimentos do mundo – por mais extenso e variado que ele seja -, e fazer-se entender. Enxergar-se como indivíduo dono de seus próprios atos, figura singular e diferenciada. O início da própria percepção e da noção sobre o espaço que ocupamos, não apenas fisicamente, mas mentalmente é questionar-se, observar-se. Convívios também evidenciam o papel do sujeito e sua posição. Conquistar, reconhecer e saber lidar com a relação eu-espaço é relevante, é mostrar-se. Exposição de idéias, argumentação, o que guardamos e o que guardam de nós. Conhecer a si mesmo é importante, saber como lidamos com diferentes situações, o que nos afeta, o que em nós afeta aos demais. É importante, porque permite-nos saber como agir e o que nossas atitudes podem provocar. Uma auto–análise é imprescindível, é parte integrante do processo necessário para aumentar em sabedoria. Para cada ação uma reação, cada passo traz um resultado... Resultados, que podem variar a depender de como damos as passadas. E, se possuirmos suficiente conhecimento sobre quem somos, provocaremos reações positivas, teremos resultados gratificantes, manteremos relações estáveis, além de amadurecermos em muitos sentidos. Em resumo, amadurecemos como pessoas quando nos conhecemos. E, a partir daí, estaremos aptos para conhecer o próximo, ser mais compreensivos, mais razoáveis, adaptáveis e, conseqüentemente, empenharmo-nos em manter relações mais fáceis.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O Homem Que Passa


Quem é este homem que passa na rua? Com seus pensamentos, suas idéias, os planos pro futuro. Não reduz-se apenas a um figurante, compondo um cenário cotidiano. É humano, guarda em si sentimentos, dores, paixões, sonhos, pessoas. É uma mente trabalhando, raciocinando, é mais alguém para preocupar-se com os rumos que a humanidade tem tomado. É mais alguém para conhecer a esperança de um futuro melhor. Como já diz velha frase: "Cada cabeça é um mundo". Que espécie de mundo será esse? Será ele colorido e repleto de coisas boas, ou estará esse mundo precisando de ajuda? Segue andando pela rua o homem das incógnitas. Não sabemos quem é, de onde veio, nem para onde vai. Mas sabemos que, assim como eu e você, é alguém que traz histórias para ele preciosas, lembranças de grande valor, palavras que foram ditas através de atitudes, e que marcaram. O que podemos afirmar é que ele, provavelmente, alimenta dentro de si os desejos que movem todos nós: a felicidade, a completude, uma vida mais fácil (em muitos sentidos) e a alegria. Sabemos que o Sol que acorda sobre nós e nos aquece, é o mesmo que acorda sobre ele, sobre todos. Sabemos que, apesar de diferentes e de não nos conhecermos, somos mais iguais do que imaginamos, almejamos coisas semelhantes e, mesmo que muitas vezes não fique claro, esperamos da vida as mesmas coisas. As coisas mais importantes que, bem lá no fundo de quem somos, desejamos de coração. Esse homem que passa na rua poderia ser qualquer um de nós.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Desvende

Cada ser
Um vasto planeta a ser descoberto
Decifrado, solucionado
Cada um com suas ânsias
Vontades
Amores

Somos apenas mais alguns
Em meio a tantos outros?
Ou somos nós um profundo oceano,
De emoções,
De cores,
Sabores?

Vontades não nos faltam
Somos mais complexos do que imaginávamos
Somos de difícil compreensão
Estamos além da razão

Possuímos múltiplas capacidades
Aumentamos o passo
E preparamo-nos para vôos maiores
E mais belos

Somos beleza e mar
Em comportamentos
Ou pensamentos
Completos e, ainda assim,
Há tanto para completar

A verdade é que somos incríveis
Máquinas jamais superadas
Que sentem
Andam
Choram
Amam

E somos, sim
Quem queremos ser
Evidencia-se aí a beleza
Da singularidade
Da individualidade
Do eu
O lívre arbítrio
Que permite-nos escolher

Quem será você?

Limito-me ao que vêem?
Ou vou mais além?
Tenho sonhos
Sentimentos
Mente

Penso

Subconsciente
Que também diz muito sobre quem sou
Sobre quem somos

Tarefa difícil nos compreender...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A Dança das Palavras

O teatro tornou-se conhecido
Como “A entrega do pensamento”

Início da peça.
Os aplausos fazem-se ouvir.

Segue como uma dança
Composta de palavras
Encaixam-se
Arranjam-se
Arrumam-se

Estão paradas?
Estáticas?
Ou movem-se elas,
Acompanhando a canção?

Pois digo que, em mim,
Movem-se
Uso-as
Busco-as mais uma vez

E mais outra

Têm beleza própria
Dominam os passos da dança
Refletem demasiada emoção
Oníricas que são

Instrumentos que permitem
A perfeição na hora exata
A mais bela valsa

Escrevem vorazmente
Participo da dança também

Coreografia de palavras,
Não permitam o fim do espetáculo
Nem que as cortinas ponham-se a fechar
Sem que antes possam se mostrar
Componham
Entreguem-se
Mostrem-se!

Vede o tempo que resta!

Mas chega o fim do poema
E as palavras agora preparam-se
Para o grande final

Acabou a dança
E os aqui presentes
Já puderam notar
Sim! É o maior espetáculo que há
Mas que agora despede-se
Com um ponto final.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Esvaziaram-se

As modas atraem pessoas como se fossem imãs. A música que todos cantam, a roupa que todos vestem (mesmo que não achem tão bonita assim), a banda, o artista ou filme de sucesso. É incrível como uma boa parte da população está, ao mesmo tempo, gostando da mesma coisa e, se investigarmos o porquê, veremos que não é porque a música é muito boa, a roupa é linda ou o artista é talentoso. A causa resume-se ao impulso de seguir a maioria. Então chegamos a uma questão relevante: O que forma uma pessoa – escolhas, preferências, atitudes – é o seu interior ou puramente a influência dos outros? Se for o interior, então as preferências refletirão quem a pessoa verdadeiramente é. A bagagem que ela traz na vida – por menor que seja –, como os valores, por exemplo, será determinante nas seleções que ela terá de fazer em meio a tantas e infinitas opções. Entretanto, muitos deixam-se levar pelo que está aí, sendo colocado pela mídia, tocando insistentemente nas rádios até que aprendamos por osmose, sendo visto como algo de qualidade, quando, sejamos realistas, não passam de uma grande bobagem. Essas pessoas esvaziaram-se, onde está o verdadeiro “eu” delas? Aquele que tem personalidade, que não segue os passos de outros, que trilha seus próprios caminhos, com base naquilo em que acredita? Ser preenchido de si mesmo exige coragem. Coragem para nadar contra a maré. Ser paradoxal. Coragem para defender seus princípios, para expor os critérios que devem ser levados em conta quando tomamos uma decisão. Nossas decisões revelarão se baseamo-nos em nós mesmos e no que acreditamos ou nos outros. Mas demonstrar toda essa coragem necessária não é fácil, porque a pressão para sermos todos iguais – velha mania que a sociedade tem de querer encaixotar, por assim dizer, as pessoas - massacra. Como conseqüência, muitos preferem se esvaziar. Perdem-se, assim, em si mesmos.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Tempo

O cenário é o tempo
Lugar de progressos
Regressos
Caminhadas constantes
Caminhos num traço feito à lápis
Ao longo de todo o horizonte

Corridas inacabadas
Batalhas por vir
Acelerando
Ou retrocedendo
Estamos de mãos dadas com o tempo

De mãos atadas

Passa despercebido
Toma momentos
Arranca realidades
Por vezes, é cruel

Sugere mudanças
Realiza-as sem permissão
Escreve, envolve
E mede uma história
Controla durações

Como qualquer cenário,
Chama atenção
Um alarme programado para tocar
Vez após vez

Dá passadas para a frente
Não acompanha-nos
Estamos sempre em frente?
Correndo incessantemente?

Como acompanhá-lo,
Se estamos em nosso próprio tempo
Mergulhados em nossa verdade
Que não precisa ter fim?

Adequemo-nos, então,
Aos segundos
Aos minutos
Aos momentos

Ou deixemos que eles corram
Para onde julgarem ser melhor
Enquanto desfrutamos de algo bom
Que não tem pressa

E que está conservado
Bem catalogado
E programado para resistir
A qualquer corrida de tempo
Que tenha por alvo apagá-lo

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Casinha (ou: Oficina de Idéias Palpáveis)

Descobri uma casinha simples
Que guarda tudo que há de valioso em mim
Não é adornada de enfeites
Nem possui riquezas materiais
Mas nela vive minha capacidade de alcance

Nessa casinha posso viajar
Visitar campos, florestas e pastos
Mergulhar em profundos oceanos
Notar-me no que faço
Ouço músicas e acompanho-as
És linda, casinha
E fostes feita em mim

Nela trabalho e dou origem
Às belezas que admiro
Os pensamentos tornam-se concretos
Embora não sejam facilmente sentidos

Ponho para fora o conteúdo da casinha
A arte e a poesia que me fazem viajar
O meu eu que vive na casinha
Quer agora deslanchar, desbravar
Ultrapassar, desabrochar

Porque já cresceu e amadureceu
Está pronto para ser livre
Invadir muitos lugares
Se estes forem capazes
De guardar tais tesouros
Tão grandes

Tens dentro de ti uma casinha também?
Simples e rica em beleza como a minha?
Transforme-a, então, em arte
E verás quão bom é poder enxergar
O que só sentem os que permitem-se voar

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Entrelaços Humanos

Relações, interpretações
Falas, suposições
Gestos, emoções
Alegria e dor

Ser humano
É tranformar-se em tudo
É ser plural e singular
Ser complexo
Ainda assim,
Reconhecer o poder da simplicidade
Em pensamentos impenetráveis
Atitudes surpreendentes

É ser único
E ser capaz de igualar-se
De enxergar-se
De enxergar

Felicidade acompanhada de êxtase
Canção mesclada com ansiedades
Resultado de esperas

Delicadeza e fragilidade
Dependência que pede compreensão
Paciência

Ser humano
É compor no presente um soneto
Em palavras que acariciam
Tranquilizam

Derramar-se em lágrimas
(Re) completar-se com esperança
É um ato heróico
De quem tem coragem
Para apostar em mais um passo
Sabendo que poderá desmanchar-se
E terá que refazer-se

Entregar-se
E ter em mãos
A entrega confiante do outro

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sobre os Clichês

Num debate sobre redações, textos, vestibulares e coisas do tipo, eis que surgem dúvidas sobre o tão "batido" clichê. Detesto clichê. Empobrece o texto, é comum e usual. Gosto de procurar me expressar de uma forma cada vez mais diferente, do meu jeito, com uma linguegem bem próxima de mim, para que eu e o texto possamos ficar íntimos. Entretanto, nas redações para vestibulares o clichê não é considerado uma coisa ruim e, acredite, é visto com bons olhos. Admito que uso expressões clichês vez por outra, quando é quase inevitável, porque até mesmo alguns temas são assim, comuns. Mas usar com frequência é desagradável, não dá na produção textual aquela pitadinha de sal, digamos assim. O que me disseram foi que, infelizmente, eles precisarão ser usados... por mim. E numa maior quantidade de vezes, para que meu texto se encaixe "nos padrões". "Mas eu não escrevo para me encaixar em padrão nenhum, escrevo pelo prazer que essa atividade me proporciona e pra ser DIFERENTE também!" Não interessa, vestibular é isso aí. Então, depois dessa, entendi: ter que se adaptar para ser IGUAL e ser aceito apenas assim - no caso, por universidades, mas, se achar apropriado, amplie a interpretação - é muito perturbador e é um grande clichê. Estamos nadando num mar de conteúdos, tentando ao máximo manter a cabeça fora da água, expressar-se é uma forma de respirar profundo nessa situação, é mostrar-se frente a tantas coisas que não nos caracterizam, por esse motivo redação encanta, "agora verão como sou, o que sinto, como vejo". Tudo já é tão igual... As pessoas seguem tendências, os vestibulares e concursos estão aí pra nos transformarem e limitarem a nossa criatividade e nossa capacidade, seja em que contexto for. Refiro-me aos textos, porque esse aspecto me chamou atenção e, sim, me incomodou. Essas exigências para que tudo seja padronizado, se não ficarmos alertas, nos farão regredir. Porque ultrapassar limites é ir além, é inovar, sentir-se à vontade para se colocar, estender-se para alcançar o que está distante, evoluir, aprimorar técnicas e com o texto isso é totalmente possível, e é real, se tivermos liberdade para dar nosso máximo. Todavia, se temos que nos preocupar com limites, palavras, regras e regras, nos prederemos a isso e as asas de nossa mente estarão impedidas de voar. O grande clichê nessa história toda é quererem nos fazer iguais, sempre tão limitados.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Questione, então.

Toda criança, em certa idade, tem a fase dos porquês. Os pais observam: "Menino! Tudo você pergunta." Mas, provavelmente, muita gente ainda não parou pra pensar na importância de levantar questões. Perguntamos para satisfazer nossa curiosidade, para aprendermos sobre algo, para compreendermos melhor o mundo. Perguntamos para evoluir intelectualmente e, assim, crescer em pensamentos e atitudes. Perguntamos para não aceitar tudo que nos é imposto, para não se aproveitarem de nossa ignorância, para termos conteúdo. Considere o exemplo: os pais dizem aos filhos o que eles devem ou não fazer, como seria apropriado que se comportassem, naturalmente, os filhos, por sua vez, desejarão saber o por quê. Se a educação dada aos filhos baseia-se em valores e princípios firmes, bem estabelecidos, por exemplo, seria apropriado que eles fossem explicados aos filhos. Caso contrário, como entenderiam porque não devem tomar determinada atitude? Explicações esclarecem as coisas e ajudam na formação, na construção de uma base sólida para a vida. Em outras palavras, são as perguntas que, pouco a pouco, nos constroem. Então, a idéia de que perguntar é coisa de criança que está descobrindo o mundo é equivocada, afinal, ter crescido não necessariamente é sinônimo de sabedoria, mas reconhecer que ainda temos muito a aprender e buscar esse aprendizado, reflete a sabedoria que temos adquirido. Ou seja, precisamos reconhecer nossa pequenez diante de tudo que existe, mas, infelizmente, isso é impossível para muitas pessoas (o orgulho, muitas vezes, interrompe o aprendizado), que acreditam possuírem as respostas de que necessitamos, quando, na realidade, todos nós estamos no mesmo patamar, somos eternos aprendizes. Se, para viver, precisamos aprender, questione, então.