
Meus versos seriam lacrados;
Chave e cadeado a contê-los.
Queria-os seguros, mas dilatavam-se
E tomavam proporções inesperadas.
Tão belos eram, que nem pude contra eles.
O que te disse vinha como surpresa; surpreendente.
E a poesia fez-se entender!
Ao meu redor, ficarão os que a escutam,
Ouvidos atentos, com a novidade eterna nos olhos.
Ouviste que digo o que nem conheço e estranho-me.
Não domino, só construo.
Como quem faz um castelo de areia, utópico,
Sem saber que o oceano tem o poder de reduzi-lo a nada.
Contudo, os meus versos, estes permanecem.
Fazendo frente às intempéries.
Tal qual concreto.
Ah, essa vida poderosa!
Essa sensibilidade instável, quando,
em verdade, instável é a onda violenta trazida pelo ar.
Fora cruel com a construção à beira do mar,
sem ao menos avisá-la.
Mas a minha poesia estará protegida
pela ansiedade de uma criança,
Que descobre a si mesma todo o tempo,
com constante deslumbramento.
Resistindo, edifica-se.
Permanece cara-a-cara com o efêmero.
E haja coragem diante do que passa e finda!
Com rapidez tal que nos assusta...
Apressa-te,
Deixa-me ouvir teus versos vertiginosos.
Tu bem sabes que a poesia não se desfaz,
Caminha longas estradas continuamente.
Portanto, digo-te:
Meu querer é forte, porém, simples e fácil.
Eu quero hoje a poesia que preenche o dia,
palpitando, de tão viva.