segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Insuficiência das Palavras


Fiquei a escutar minha própria voz
Ecoando através dos ventos,
Perpassando pessoas e compreensões

Fiz uma leitura a meu respeito.
Uma interpretação atenta, detalhada
E passei a discursar sobre mim

Mas eram apenas vocábulos vazios
Diante de poucos que podiam assimilá-los.
Calei-me frente ao abismo expressivo.

Li poemas em olhares inefáveis,
Dialoguei sem verbalizar
E entendi perfeitamente.

As palavras são incapazes!
Pobres poetas merencórios e desesperados
Que recorrem a tais para externar suas emoções!

Versam sobre dor, paixão e nostalgia...
Como se pudessem suas penas arrancar-lhes o horror.
O susto constante que é regozijar-se pela vida
Ou entregar-se ao lamento.

Vai...
Se tiveres a coragem para isso.
Entrega-te à genuína poesia,
Prova uma dose mais forte
Dessa visão intensa e perturbadora
E descobre, então, o que são palavras autênticas.

Ah! Homens vazios os que possuem apenas a língua!
Vede quantos olhares e quantas exclamações
Fazem-se ouvir em meio ao silêncio!
Não sabeis que nada se diz
Quando teu sentimento não é visceral?

Caso entendas o que digo, dê-me a tua mão.
Mostra-me que não falas apenas a mesma língua vil de todos.

Neste afã instintivo em informar-te
Acerca dos desvairados que renderam-se
A registrar fatos inundados de sentimentalismo,
Rebentou-se um poema! Desabrochou.

Esgotei minha ânsia de uma poesia
E, creia, sinto-me mais leve agora.
Não duvides disso, não te prendas aos meus paradoxos...

Talvez minhas palavras bastem em si mesmas.
Talvez sejam suficientes, enfim.

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