segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Vida que Necessitou de uma Lágrima


Será um homem?
Perseguindo a sobrevivência
Massacrado pela realidade inexorável
Chutado e posto à margem da dignidade

Que lágrima é essa?
Persistente, insistente
Lágrima solitária a regar o chão rachado
De onde poderia vir tão estimada demonstração de dor?

Eis o homem a falar:
Tornei-me um retrato do quê?
Criatura humana que pensei ser...
Perdi-me em meio ao que me cercava
E meus pés, cansados, agora recusam-se a prosseguir
Põem-se contra mim...

Sou resultado do determinismo
Ah!... Resgata-me alguém de ser bicho!
Tenho sede, fome e dor!

Esperança fugidia, onde estás?
Partistes para cenários cheios de vida?
Embebidos em água corrente...

Consciência inconsciente que me toma
E arranca de mim, violenta e veemente,
Qualquer brilho que eu pudesse abrigar...

...

Recorrer à escrita é libertar-se
Gritemos, pois, em palavras!
Sangremos o papel!
Fazendo jus ao que aconteceu...

Está a literatura mesclada com o sofrimento
Daqueles que partiram em direção ao nada
E encontraram-no...
O grito silencioso do povo fez-se arte!

E palavra é VIDA
Embora, neste caso
As palavras sejam amargas, duras, frias...
Secas.

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